quinta-feira, 12 de maio de 2011

LEVO OU DÊXO?


Diz a lenda que Rui Barbosa, ao chegar em casa, ouviu um barulho
estranho vindo do seu quintal. Foi averiguar e constatou haver um
ladrão tentando levar seus patos de criação. Aproximou-se
vagarosamente do indivíduo e, surpreendendo-o ao tentar pular o muro
com seus patos, disse-lhe:
- Oh, jumento, anácrono! Não o interpelo pelo valor intrínseco dos
bípedes palmípedes, mas sim pelo ato vil e sorrateiro de profanares o
recôndito da minha habitação, levando meus ovíparos à sorrelfa e à
socapa. Se fazes isso por necessidade, transijo; mas se é para
zombares da minha elevada prosopopéia de cidadão digno e honrado,
dar-te-ei com minha bengala fosfórica, bem no alto da tua sinagoga, e
o farei com tal ímpeto que te reduzirei à quinquagésima potência que o
vulgo denomina nada.
E o ladrão, confuso, diz:
- Dotô, rezumino... eu levo ou dêxo os pato...?!