O Recife conta hoje com uma população de 1,5 milhões de habitantes de acordo com o último censo do IBGE. Como conseqüência da má distribuição de renda e a decorrente predominância de estratos “muito pobres” e “de pobreza crítica” na população da cidade, o processo de ocupação territorial se deu, ao longo de décadas, através das invasões de áreas, fato este que se observa até os dias de hoje.
Deste modo, esta população de excluídos ocupa as chamadas “áreas de risco” constituídas por encostas de morro com inclinação igual ou superior a 30º, áreas de planícies alagáveis margeando rios e canais e os chamados “bolsões de pobreza” que são áreas críticas confinadas em bairros centrais e nobres. Esta ocupação desordenada perfaz hoje um total de mais de 500 favelas desprovidas de um mínimo de infra-estrutura urbana, demandando do poder público providências urgentes.
Embora tenha uma extensão territorial pequena de apenas 220 km2, somente 30% deste território possui rede coletora pública de esgotos, restrita ao centro da cidade e a bairros de maior poder aquisitivo.
Em síntese, os números do saneamento no Recife são os que se seguem:
Água:
• 88% dos domicílios estão ligados à rede geral de abastecimento de água;
• 9,6% são atendidos por poços ou nascentes, dos quais 8,7% não possuem canalização – em 1991 esse número era de apenas 2%; esse crescimento se deve ao descrédito no serviço público;
• cerca de 35 mil pessoas consomem água de fontes sem qualquer controle de qualidade;
• racionamento crônico que já dura mais de 20 anos; • precário controle de operação de poços particulares;
• idem sobre o fornecimento de água em carros pipas;
• proliferação da indústria de engarrafamento e distribuição de água mineral.
Esgoto:
• 42,9% dos domicílios estão ligados à rede geral de esgoto ou rede pluvial;
• 46,6% utilizam fossas sépticas e rudimentares.
• 7,8% jogam os dejetos sem tratamento, em vala, rio, lago, mar ou outro escoadouro;
• 2,7% dos domicílios sequer dispõem de instalações sanitárias, o que equivale a uma população de 40.000 pessoas;
• cerca de 1 milhão de pessoas sem serviço de coleta de esgoto.
Como se pode observar, em termos de Saneamento, a situação do Recife é preocupante: o abastecimento de água é insuficiente pela quantidade ofertada, irregular por sua intermitência, tendo ainda, a qualidade comprometida pela ocorrência de infiltrações nas canalizações motivadas pelo “enche e seca” das paradas decorrentes do racionamento.
O Sistema de Esgotamento Sanitário, insuficiente e precário, compromete a saúde da população e polui os cursos d’água ameaçando hoje, inclusive, a balneabilidade de nossas praias em diversos pontos monitorados. Cumpre destacar, também, o sério comprometimento das estruturas de drenagem pelo lançamento indevido de esgotos sanitários ao longo de décadas.
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