sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

NOVA ERA GLACIAL ?

USC: Para geógrafo, aquecimento pode iniciar nova era glacial

E se, de repente, lhe dissessem que o aquecimento global ? tão discutido atualmente ? é apenas o início de uma nova glaciação? Ou então que os seres humanos são reféns de um fenômeno, fruto de um movimento natural de inclinação do eixo da Terra que a cada nove ou 11 mil anos provoca mudanças climáticas e afeta a vida no planeta?
Pois é sobre isso que o coordenador do curso de geografia da Universidade do Sagrado Coração (USC), o professor e geógrafo José Carlos Rodrigues Rocha, vai falar na palestra "Aquecimento global: a culpa é de quem?", realizada na quinta-feira na instituição. O evento integra a programação do Café.com Filosofia.

O geógrafo não descarta o relatório final do Painel Intergovernamental de Mudança Climática (IPCC, na sigla em inglês) divulgado neste mês (o segundo de uma série de quatro) que aponta a ação humana como principal causadora do aquecimento global. Mas também coloca a necessidade de se olhar para outra causa: os fatores naturais, contra os quais os seres humanos não têm defesa.

É justamente pela impossibilidade de agir diante dos fenômenos naturais que esses relatórios, segundo Rocha, acabam priorizando a responsabilidade humana. "Esses relatórios funcionam como pano de fundo para conseguir a colaboração das pessoas para diminuir o aumento do calor, já que não se pode barrar o processo de formação do planeta", diz.

De acordo com o geógrafo, fora as causas humanas, é preciso levar em consideração a questão do movimento de rotação da Terra e a inclinação do eixo. "Se o eixo muda um segundo, temos mudanças na distribuição do calor na superfície do planeta", explica o geógrafo. Para exemplificar, ele recorda o tsunami de 2004 que fez milhares de vítimas na Ásia. "Muitos cientistas colocaram que o problema foi causado por uma mudança no eixo da Terra", relembra.

Sem poder precisar se atualmente o Planeta está passando por uma dessas fases geológicas, Rocha cita o documentário "Uma Verdade Inconveniente", do ex-vice-presidente dos Estados Unidos, Al Gore. "No vídeo são mostradas várias mudanças relacionadas a pequenas glaciações, inclusive na Idade Média. Então, será que este atual aquecimento global não é o início de uma nova glaciação?", questiona o geógrafo.

Se for o caso, Rocha é incapaz de traçar um prognóstico de como o homem reagiria ao fenômeno, visto que durante a última grande glaciação, ainda não havia registros de vida humana. "Em outras eras geológicas, grande parte dos vegetais e animais desapareceram durante a glaciação. Este é o grande problema: com mais de 6 bilhões de pessoas, o que poderia acontecer agora?", pergunta.

Causas humanas

Apesar do geógrafo José Carlos Rodrigues Rocha e outros cientistas salientarem as causas naturais para o aquecimento global, é inegável a interferência humana no processo. "Hoje, a causa humana é maior que a causa natural", diz. Segundo ele, a partir do momento que se aumenta a queima de combustíveis fósseis, como o petróleo, há um aumento do efeito estufa e, conseqüentemente, da temperatura global.

Mas até mesmo o efeito estufa não é visto como vilão pelo geógrafo. "Se nós não tivéssemos o efeito estufa natural, a temperatura da superfície seria de 17º abaixo de zero. O equilíbrio se mantém por conta do efeito estufa natural", coloca Rocha. O problema, para ele, está no descontrole, na falta de bom senso "que grande parte do ser humano não usa".

Ao contrário das causas naturais que não podem ser evitadas, as humanas podem ser amenizadas, acredita o geógrafo. "Isso depende da vontade de cada um", coloca. Tanto que na quinta-feira, durante a palestra "Aquecimento global: a culpa é de quem?", Rocha vai apresentar algumas pesquisas que demonstram como atitudes simples podem contribuir para a melhora da vida na Terra. "Reciclar lixo, gastar menos tempo no chuveiro, lavar a calçada com balde, usar transporte coletivo", cita.

Rocha lembra como foi importante a conscientização da população, empresários e governantes no controle do buraco da camada de ozônio, causado principalmente pela emissão de cloro de clorofluorcarbonetos, os CFCs, presentes em sprays, embalagens de plástico, peças de computador e aparelhos de refrigeração. "Houve uma conscientização e conseqüente diminuição no buraco da camada de ozônio. Mas daí vem a questão econômica: até que ponto governo e empresários estão dispostos a colaborar?", pergunta.

O geógrafo salienta que, caso a população não tome medidas para amenizar o problema do aquecimento global, as próximas gerações vão sofrer e, pior, "nos xingar porque sabíamos e não tomamos providências", coloca. Rocha ainda alerta que os mais atingidos pelo aquecimento devem ser os países pobres e a população mais carente. "São os que geralmente não têm acesso a certos tipos de benfeitorias", lamenta.

Café.com Filosofia promove a palestra "Aquecimento global: de quem é a culpa?" com o professor José Carlos Rodrigues Rocha na quinta-feira, dia 26, no Centro de Estudos Literários, Lingüísticos e Filosóficos da USC (rua Irmã Arminda, 10-50). O evento é gratuito e tem apoio do Jornal da Cidade. Mais informações: (14) 2107-7131.

Fonte: USC

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