Vídeo chega à ‘ultra-alta definição’

Vídeo chega à ‘ultra-alta definição’
Por Bruno Sayeg Garattoni
Hannover, 12 (AE) - Ao visitar o instituto de tecnologia Fraunhofer, que tem laboratórios na capital alemã, Berlim, e em várias outras cidades do país, você sabe que está entrando em um lugar de respeito - são os mesmos caras que inventaram, alguns anos atrás, o formato MP3.
E, se a expectativa é grande, a contrapartida é maior ainda. Para ser exato, é gigantesca: única palavra que pode definir a tela de "ultra-alta definição" desenvolvida pelos cientistas do instituto.
Não é a primeira tecnologia do tipo (a emissora japonesa NHK já desenvolve um padrão similar, que tem as mesmas 5 mil linhas de resolução - cinco vezes a qualidade da TV digital disponível atualmente), mas o sistema alemão é o primeiro cujo funcionamento foi conferido na prática pela reportagem.
O tamanho da tela é simplesmente absurdo: são quase 600 polegadas (cerca de 236 centímetros), alimentadas por um conjunto de cinco projetores digitais acoplados a espelhos e coordenados por um computador para formar uma única imagem. Para gravar vídeos com essa resolução, os cientistas usaram duas câmeras digitais com 3 mil linhas de resolução cada uma - as imagens captadas por cada uma delas são sincronizadas antes da exibição na tela.
Ao assistir a um jogo de futebol, por exemplo, a sensação realmente é a de estar na arquibancada. Infelizmente o sistema ainda é apenas um protótipo e está sendo desenvolvido para uso em cinemas - ou seja, mesmo que você tenha espaço suficiente na sua sala para uma tela de 600 polegadas, esqueça (mas dá para matar um pouco da vontade vendo demonstrações da nova tecnologia, que se chama MultiProjection 5K, no endereço tinyurl.com/ysumu8).
QUASE UM TELESCÓPIO - Está vendo essa lente gigante, que mais parece um canhão? Ao contrário do superprojetor alemão, ela já está no mercado: por "apenas" 22 mil euros (cerca de R$ 56.500) você leva para casa a Sigma Ultra-Telephoto, que promete uma qualidade de zoom jamais vista.
A vantagem é que ela deixa passar mais luz do que as lentes zoom tradicionais - o que supostamente produz fotos muito melhores. Segundo o fabricante, é ideal para fotografar animais selvagens e outros objetos a grande distância. Só não tente correr de um leão, ou de um tigre, carregando essa bazuca nas costas (pesa quase 16 kg).
A superlente é compatível com câmeras Canon e Nikon e também funciona, claro, em câmeras da própria Sigma - marca pouco conhecida no Brasil, mas cultuada na Europa.
Na CeBIT, a empresa estava mostrando sua primeira câmera para uso amador: a DP1, que custa 700 (cerca de R$ 1.800). Ela não aceita a lente "bazuca", mas compensa isso oferecendo uma tecnologia revolucionária: o sensor digital Foveon.
Esse sensor, que está em desenvolvimento há vários anos, captura as cores primárias (azul, verde e vermelho) em camadas, como no tradicional filme analógico. Cada um dos 14 milhões de pontos da foto - pois são 14 megapixels de resolução - contém todas as cores.
Nas câmeras tradicionais, cada pixel captura apenas uma das cores primárias (e depois o software da câmera mistura tudo para reconstituir a imagem). Segundo seus criadores, o sensor Foveon proporciona cores muito mais naturais (veja exemplos em www.foveon.com/article.php?a=70).
VÍDEO DE ALTA QUALIDADE - No segmento de câmeras mais próximas do usuário comum, o destaque foi a Samsung NV24HD: uma máquina de bolso, bem fácil de usar, que além de tirar fotos de 10 megapixels também promete gravar vídeos com resolução de 720 linhas (padrão 720p) a 30 quadros por segundo. Pode ser que finalmente esteja surgindo uma máquina digital também capaz de filmar com qualidade - se você já filmou com a sua câmera, sabe que quase sempre o resultado é ruim.
A NV24HD usa o sistema de controle Smart Touch, que foi inventado pela Samsung e promete tornar mais fácil o uso da câmera, pois as teclas assumem funções diferentes conforme a situação em que a máquina está sendo usada (veja mais detalhes em www.link.estadao.com.br/index.cfm?id_conteudo=8298).